quarta-feira, 1 de junho de 2016

Resenha: Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley

Muitíssimo já se falou sobre o livro 'Admirável mundo novo', suas percepções e analogias (grande parte já confirmada no mundo atual). Então, para não chover no molhado, vou falar apenas das minhas impressões no decorrer da leitura da genial obra de Aldous Huxley.

Primeiro, já comecei a ler o livro com aquela expectativa de estar com um clássico da literatura mundial em mãos. No todo, não me decepcionei. Realmente, a história e suas nuances são maravilhosas. Porém, no fim do fim quando há o último embate entre o 'Selvagem' e Mustafá Mond, e suas consequências, acho que faltou um pouco de sal e de uma maior paixão entre os envolvidos, já que os pontos de vista são tão diferentes e levaram a humanidade a chegar no ponto em que chegou. De qualquer forma, esta é a única e exclusiva 'reclamação' (ó heresia!) que posso fazer sobre a obra... Tá bom, só para ser um pouquinho mais chata, tiro mais 0,1% da nota por causa de uma leve barriga no meio do texto e mais 0,02% pelo fim meio tresloucado da Lenina.

Continuando.

As portas da percepção (alô Jim Morrison!) que Huxley abre no livro, em 1932, levam diretamente ao mundo atual. Disso não tenho dúvidas. Os casos mais impactantes e factuais, certamente, são:

- A utilização contínua do Soma, que pode ser comparado aos calmantes e antidepressivos que lotam as prateleiras de hoje. Lembro-me que estava lendo a descrição de uma pessoa em um fórum da internet sobre o maravilhoso uso do lexotan durante as viagens de avião e fiquei embasbacada. Era basicamente a mesma feita por Huxley para descrever o Soma. Incrível;

- A sociedade modelo, pregada para que as pessoas não fiquem sozinhas, não se sintam sozinhas ou desamparadas, e que converge diretamente com o que a publicidade e os governantes pregam como assistencialismo e o falso 'estamos pensando em você';

- A banalização do sexo e da sexualidade (nada contra nem a favor, galera. Só uma constatação);

- A 'produção' de novos indivíduos, a partir de laboratórios. Nesse caso, a diferença é que ainda não chegamos ao estágio de um ser humano ser criado do nada... no entanto, a parte do laboratório e da escolha das características já é realidade há algum tempo;

- A divisão da população em castas ou, atualmente, em definições pré-programadas, como 'executivo-bem-sucedido-com-terceiro-grau' chamado na obra de 'alfa mais mais', ou o 'pobre-com-pouco-ou-nenhum-estudo-que-serve-para-fazer-o-que-os-outros-não-querem', ou seja, os Ípsilons;

- Por fim, e não menos importante, a figura do 'Nosso Ford' como o salvador, sendo usado como forma de convencimento para aceitar o que é imposto pelos Governantes/Alfa Mais Mais. Algo que praticamente todas as religiões pregam como o ponto de mudança do mundo atual e de obediência total e irrestrita.

Somando tudo isso a um grande carisma na forma de escrever do autor, estão as diversas e deliciosas citações das obras de Shakespeare (adorei Tróilo e Cressida), além do amor e suas desilusões, como não poderia deixar de ser, fazendo com que as pessoas mudem de status (facebook?), como o que aconteceu com Linda e, inversamente, com a Lenina.

Certamente, 'Admirável mundo novo é um livro' que já está marcado como uma das maiores obras de ficção científica (será mesmo?) de todos os tempos. Leitura obrigatória e, sem dúvida, interessantíssima para todos!

Ficha técnica:

Livro: Admirável Mundo Novo
Autor: Aldous Huxley
Ano: 1932 (do original) / 2001 (da edição)
Editora: Globo
Páginas 314
Nota/Cotação: 4 de 5

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