sábado, 25 de junho de 2016

Resenha: O Albatroz Azul (João Ubaldo Ribeiro)

 Quando você pensa que João Ubaldo Ribeiro não tinha mais o que inventar, descobre-se que ele seguiu seus textos, até o fim, se reinventando. E em 'O Albatroz Azul', o baiano segue mais baiano do que nunca, conseguindo descrever com perfeição todo o pensamento, todo o entendimento e as tradições de um povo riquíssimo em cultura e 'jeito de ser'.

Neste livro, Ubaldo nos brinda com a história de Tertuliano Jaburu, um homem que já viveu muitos anos e que tem uma carga em sua vida, um escolha que precisou fazer, que faz com que nunca seja realmente livre, nunca seja realmente alguém profundo e  verdadeiro.

Porém, antes de começar a contar ao leitor sua biografia, Tertuliano tem uma visão, tem um entendimento de tudo o que fez da vida até aquele sublime momento: o nascimento de um neto homem, como há muito não se via naquela família. Então, a partir daquele instante, o velho começa se sentir que a vida e a morte estão mais próximas do que se imagina. E se a vida chegou para um, a morte está chegando para outro.

Tertuliano começa, então, a antever e, até mesmo, desejar a morte, que seria muito bem-vinda após todo o sofrimento de sua vida, após todos o revés que teve que enfrentar desde sempre, desde que ainda era um pequeno menino, que foi preterido e teve que enfrentar muitos momentos difíceis. Então, o derradeiro momento passa a ser não só uma consequência, mas uma delicada e deliciosa obsessão.

Em cada linha, em cada página percebe-se que o autor quis passar a maior humanidade possível ao seu personagem, que precisou de muitos anos para descobrir o que é a realidade de todos nós: a morte chegará, mais cedo ou mais tarde.


Ficha técnica:

Livro: O Albatroz Azul
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Editora: Nova Fronteira
Ano: 2009
Páginas: 240
Nota/Cotação: 4 de 5

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