sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Resenha: O diário de Anne Frank (Anne Frank)

Há pouquíssimas pessoas que ainda não conhecem a história de 'O diário de Anne Frank', pois, além da escrita, vários filmes e documentários já foram feitos sobre o assunto. Porém, quando se está com o livro em mãos, a história parece que toma vida e você se apega de uma forma inebriante à autora e ao seu fatídico destino. Quando li o livro, obviamente já sabia o que aconteceria com a pobre menina judia, que passou anos escondida em um sótão em Amsterdã, mas garanto que não estava preparada para tamanho desconforto ou tamanha tristeza que me invadiu no fim da leitura.

No início do diário, Anne conta sobre sua vida pré-guerra, seus problemas na escola (o que hoje chamariam de Bullying) e o dia a dia com sua família. Só que aos poucos as batalhas se aproximam, os nazistas passam a se infiltrar em todos os locais e a caçada aos judeus se torna ferrenha e acaba com os alicerces da família Frank, que precisa fugir e ser escondida em um sótão com várias outras pessoas que também precisavam não serem descobertas pelos soldados, a fim de que não fossem mortas sumariamente ou enviadas para os temidos campos de concentração.

Aos poucos, o leitor se encanta com a ingenuidade e o sofrimento daquela criança que escreve noite após noite em seu diário e consegue mostrar toda a confusão de seus sentimentos e a falta de entendimento sobre o motivo de estarem passando por aquele inferno. Para tentar fugir do seu triste cotidiano, Anne ainda cria uma amiga imaginária chamada Kitty, que acaba sendo um alterego de cada um de nós, leitores. Ela passa por todos os problemas inerentes à infância e ao início da juventude, como uma paixão por Peter, um dos moradores do anexo, e a necessidade de continuar os estudos, mesmo estando em tão precária situação, ordens expressas de seu pai Otto Frank, no fim, o único sobrevivente e que ficou responsável por transformar o diário da filha em livro após sua morte por tifo, no campo de Bergen-Belsen.

Pessoalmente, algo que me marcou muito nesse livro foi a forma como termina, pois o diário é, literalmente, interrompido do nada quando chega a polícia de segurança para levá-los após descobrirem o esconderijo. É como se estivéssemos ali ao lado de Anne, já que não há respostas para suas perguntas, não há fim para suas dúvidas, não há fim, tudo é interrompido. Inclusive, a vida daquela que nos afeiçoamos em todas as outras páginas.

Ficha técnica:

Livro: O diário de Anne Frank 
Autor: Anne Frank
Editora: Record
Ano: 2008 (original de 1947)
Páginas: 350
Nota/Cotação: 4 de 5

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Resenha: A bolsa amarela (Lygia Bojunga)

Posso dizer, sem sombra de dúvidas, que este livro mudou minha vida aos 11 anos de idade. Foi a partir desta leitura que decidi me tornar jornalista e, mais tarde, escritora. E grande parte desta realização devo à forma magnânima com que Lygia Bojunga trata a delicada trajetória da Bolsa Amarela.

A história de Lorelai é singela e forte, pois trata-se de uma menina que tem grande desejos, que como toda criança, são vitais para sua sobrevivência. E, vendo que os pais e amigos não lhe dão bola, ela se envolve em um mundo só seu, com seus pertences, seu galo Afonso, seu amigo imaginário e sua bolsa amarela, sobrada da herança de uma tia falecida.

Lygia Bojunga mostra que Lorelai apesar de pequena tem uma criatividade de gente grande, que encanta e nos faz pensar que os sonhos são para serem seguidos. Pois, às vezes, como no meu caso, acaba dando certo.

"- É o seguinte: eu resolvi que vou ser escritora, sabe? E escritora tem que viver inventando gente, endereço, telefone, casa, rua, um mundo de coisas. Então eu inventei o André. Pra já ir treinando. Só isso.
Aí meu irmão fechou a cara e disse que não adiantava conversar comigo porque eu nunca dizia a verdade. Fiquei pra morrer:
- Puxa vida, quando é que vocês vão acreditar em mim, hem? Se eu tô dizendo que eu quero ser escritora é porque eu quero mesmo".

Ficha técnica:

Livro: A Bolsa Amarela
Autor: Lygia Bojunga
Editora: Casa Lygia Bojunga
Ano: 2013 (original de 1976)
Páginas: 135
Nota/Cotação: 5 de 5 

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Resenha: Vale Tudo (Nelson Motta)

A figura de Tim Maia sempre foi mítica e ficcional. Tenho certeza de que eu não sou a única que tentou ir a um show do mestre do soul brasileiro e não conseguiu. Mas, a raiva passou rápido, quando do DJ começou a tocar os grande sucessos do 'preto, gordo, pobre e cafajeste', como ele mesmo se intitulava.

E Nelson Motta, ou nelsomotta, como diria Tim, consegue fazer um viagem inesquecível pelas cenas da vida desse filho pródigo da música. Há passagens hilariantes e outras tristes de preconceito e dureza na vida de Tim, mas que o autor consegue transformar em uma escrita leve, onde fica marcada a genialidade incompreendida do 'gordinho da Tijuca'.
Momentos como a criação do hit Azul da Cor do Mar, a paixão pela menina paraplégica, o encontro com Jorge Ben Jor e várias passagens com Rita Lee - destaque para quando eles quebram o escritório do presidente da gravadora e quando ela conta que brigou com Roberto de Carvalho - valem cada instante de leitura desta obra prima brasileira.

Realmente, a vida e obra de Tim Maia valem tudo e mais um pouco!

"Ao saber que Carlos Imperial emagrecera 30 quilos com um tratamento revolucionário em uma clínica em Bonsucesso, pediu o endereço ao ex-gordo e se internou. Quando lhe deram o primeiro caldinho, se assustou: "Êpa! Que negócio é esse?”
Depois de uma semana entre sucos, folhas, papas e caldos, fugiu com a roupa do corpo em um caminhão de entrega de leite. E mandou que seu secretário Celinho Matos fosse imediatamente para a Churrascaria Carreta, em Ipanema, com o talão de cheques. Encontrou Tim cercado de pratos de arroz, feijão e batatas fritas, atracado com dois espetos mistos de carne, frango e porco e bebendo uma Coca- Cola litro. Tinha chegado ao meio-dia e só saiu às oito da noite.
Na primeira entrevista que deu depois do tratamento, cunhou um de seus aforismos imortais:
"Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas perdi 14 dias”.


Ficha técnica:


Livro: Vale Tudo
Autor: Tim Maia
Editora: Objetiva
Ano: 2007
Páginas: 392
Nota/Cotação: 5 de 5 

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Resenha: A passagem de Morgan (Anne Tyler)

CONTÉM SPOILER!!!!! 
Leia por sua conta e risco!

Tinha este livro na estante, mas sempre fiquei meio receosa de começá-lo. E,ao terminar tive certeza de que preciso confiar mais no meu sexto sentido. Não é que seja ruim. Porém, essas 303 páginas ficariam geniais em 120.

Explico.

Morgan é um cara de cerca de 40 anos e, no mínimo, excêntrico. Casou com uma mulher porque não tinha mais o que fazer, teve muitas filhas e, em certo ponto da vida, resolveu se passar por várias pessoas diferentes em várias situações.
Em um desses arroubos de esquisitice, Morgan conhece Emily, uma artista mambembe prestes a dar à luz. Fingindo-se de médico, ele faz o parto e fica obcecado por aquela família. Então começa a persegui-los e a fazer todo o tipo de coisa pensando unicamente neles. Até que consegue se infiltrar na casa dos artistas e tudo passa a mudar. Morgan quase mora lá, destrata a família em casa, perde o emprego e passa a viver "ajudando" os três.

Como já era de se esperar, ele se apaixona pela jovem Emily, eles têm um caso e fogem juntos. Até ela não aguentá-lo mais. Fim da história. Só que a autora, para descrever isso utiliza muitos artifícios que ficam perdidos e, apesar da boa história e da interessante louca de Morgan, a leitura se torna maçante.

Enfim, Morgan poderia ter passado mais rápido!


Ficha técnica:

Livro: A passagem de Morgan 
Autor: Anne Tyler
Editora: Mandarim
Páginas: 303
Ano: 1997
Nota/Cotação: 2 de 5

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Resenha: Mr. Playboy (Candy Halliday)

Esse é um daqueles romances que você não dá nada no início, mas que, no fim já está apaixonado pela leitura. A história é super envolvente, contando sobre um pai que tenta reconquistar o amor da filha depois de 13 anos. Porém, não é um pai qualquer. É o famoso Jack, o Lobo, Sims, um dos maiores jogadores de beisebol (ou seria futebol americano?) da história e conhecido como um devorador de mulheres, que estava a cada dia com uma modelo diferente.
A menina morava com a sogra dele, que o impedia de criá-la e que o culpava pelo destempero moral da filha e, posteriormente, pelo seu suicídio.
Após a morte da ex-esposa, Jack se muda para um novo condomínio onde o pessoal é super família e logo ele descobre que será o lugar certo para criar a rebelde Danielle. Só que ele descobre que em Woodberry Park também mora Alicia Greene, uma mulher linda, loira, rica e que fica encantada com a beleza máscula do ex-jogador. Mas, para desespero de Alicia e do próprio Jack, as meninas do Clube das Fantasias das Donas de Casa também resolvem dar um 'jeitinho' para que eles fiquem juntos, só que o tiro pode sair pela culatra.

PS.1: A forma como Alicia ajuda Danielle a se enturmar e a história da 'princesa na banheira' são ótimasssssss!!!

PS.2: O livro faz parte da série Clube das Fantasias das Donas de Casa, que seriam quatro no total. Mas, só foram publicados no Brasil dois por enquanto: este e Como salvar um casamento.

Ficha técnica: 

Livro: Mr. Playboy
Autor: Candy Halliday
Editora: Nova Cultural
Ano: 2007
Páginas: 160
Nota/Cotação: 4 de 5

Não querendo sair por nada!


sábado, 13 de agosto de 2016

Resenha: A vida exagerada de Martin Romaña (Alfredo Bryce Echenique)

No meu afã literário, entrei nas Lojas Americanas e me deparei com um calhamaço de quase 600 páginas por apenas R$ 9,90. Dei uma lida rápida na sinopse, vi que era de um escritor peruano e, como pretendia me aprofundar na literatura sul-americana, resolvi comprar. Toda contente, deixei-o na estante e algum tempo depois, me preparei psicologicamente para acompanhar a vida exagerada de Martin Romaña. Ó Céus!

O autor nos apresenta um personagem problemático e intenso, que faz tudo o que quer, quando quer. Filho de uma família abastada do Peru, resolve 'fazer a vida' em Paris da década de 60. Deixa uma namorada, Inês, e parte para o Velho Mundo. Lá, não consegue crescer na profissão que escolhera, 'apenas' ser escritor. Nesse meio tempo, passa por situações bizarras demais, onde tudo parece conspirar contra a estabilidade mental de Martin, que o autor deixa crer, desde o começo do livro, não é das maiores.

Inês resolve se encontrar com o amado na França e juntos decidem se envolver com um grupo revolucionário peruano que lá estava. Martin não se adapta tão bem ao grupo quanto Inês, por perguntar demais e não crer tanto em Karl Marx, e começa a ser deixado de lado e ser execrado pelos demais. Até que o amor dele e de Inês se evapora e ele passa a enlouquecer conscientemente.

No entanto, para que essas coisas aconteçam muitas outras situações bizarras tem vez, como o problema intestinal de Martin, que por causa de hemorroidas fica sem defecar durante dois meses criando um fecaloma. É bem nojenta a descrição da doença, do tratamento e da cirurgia. E nisso muitas e muitas páginas são gastas. Além disso, para pontuar o enlouquecimento do personagem, o autor utiliza a repetição de frases inteirassssssssss, deixando o leitor cada vez mais sonolento, cada vez mais estático, até que zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz...

Ficha técnica:


Livro: A vida exagerada de Martin Romaña
Autor: Alfredo Bryce Echenique
Editora: Rocco
Páginas: 583
Ano: 1988
Nota/Cotação: 1 de 5

Ippon na certa!


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Resenha: Terra dos Homens (Antoine de Saint-Exupéry)

Pare o mundo, que Saint-Exupéry vai descer! Esse é um livro para quem não tem medo de altura nem de aviões, muito menos de trabalho. Pois, Saint-Exaupéry descreve com notável firmeza as felicidades e as agruras de quem vive pelos ares. Desde a incrível 'dorzinha' no estômago da decolagem ao alívio imediato da aterrissagem, isto é, quando ela acontece. Além disso, ele cria uma ode ao trabalho bem feito, ao trabalho feito com amor e ao quanto isso pode mudar a vida das pessoas que chega a incomodar quando pensamos 'Droga, amanhã acordo cedo para ir para o trabalho'.

Como já era de se esperar, o autor do clássico 'O Pequeno Príncipe' trata principalmente do que as pessoas, principalmente os pilotos, sentem ao ter uma máquina que voa nas mãos. Isso, claro, sem cair no piegas. Saint-Exupéry conta também da tristeza de perder um amigo e das grande dificuldades enfrentados pelos aviadores da década de 20 e 30, como eles superaram esses problemas e chegaram aos ares, graças ao amor e à paixão pelo que faziam no dia a dia.

Momentos como a queda do avião na neve e o extremo oposto, quando cai no deserto, mostram a genialidade do autor, que consegue nos transmitir o frio e o calor que sentiu em cada uma das ocasiões. Mais uma vez, Saint-Exupéry mostra que domina a arte de descrever os sentimentos humanos, de colocar em palavras os mais íntimos desejos e pensamentos, seja à beira da morte, seja no céu frio, solitário e cinzento. Com tudo isso, o livro fica um pouco lento, mas há bastante conteúdo e doçura em suas letras.

"Quando temos consciência do nosso papel, mesmo o mais obscuro, só então somos felizes. Só então podemos viver em paz e morrer em paz, pois o que dá um sentido à vida dá um sentido à morte".


Ficha técnica:

Livro: Terra dos Homens
Autor: Antoine de Saint-Exupéry
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 140
Ano: 2006 (original de 1939)
Nota/Cotação: 3 de 5

Puro orgulho!


quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Resenha: Os três Mosqueteiros

Esqueça todas as 3.876.561 adaptações para o cinema que você já viu para esta história. O livro é muito melhor (óóóóóóóóóóóó). Alexandre Dumas cria uma narrativa tão linear, tão envolvente, tão aquecida, que o leitor se encontra diretamente com cada um dos personagens e passa a torcer com algum deles (eu sempre gostei do Porthos).

Para quem gosta de história, Dumas oferece um prato cheio sobre a França de 1600 e sobre o regime monárquico da época. O gastão (fanfarrão, diga-se de passagem) D'Artagnan cruza o caminhos dos mosqueteiros e passa a fazer parte daquela ilibada tribo, que tem seus próprios costumes e tradições, de centenas de anos.


Outro ponto interessantíssimo do texto são as formas de pensamento diferentes de cada um dos personagens principais, no entanto, todos eles valorizam da sua forma o reino a que servem e a amizade a que se propõem, criando assim frases de efeito maravilhosas como essa a seguir:

"Um patife não ri da mesma maneira que um homem honesto, um hipócrita não chora as mesmas lágrimas que um homem de boa-fé. Toda falsidade é uma máscara, e por mais bem-feita tal máscara, sempre conseguimos, com um pouco de atenção, diferenciá-la do semblante verdadeiro".
 Enfim, todo o excelente texto é pontuado por lutas extraordinárias, mulheres lindas e valentes, sallons, comida e muita, muita, muita bebida. Por isso, um brinde ao melhor livro de capa-espada já escrito! Saúde!


Um por todos e todos por Dumas!

Ficha técnica:


Livro: Os três Mosqueteiros
Autor: Alexandre Dumas
Editora: Círculo do Livro
Páginas: 467
Ano: 1995 (original de 1844)
Nota/cotação: 5 de 5

A tonga da mironga do kabuletê


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Resenha: Alta fidelidade (Nick Hornby)

Eu queria ser Rob Fleming. Acho que todo mundo que lê este livro tem essa mesma ideia, pois, em algum momento da vida, já quis ser um solteirão (ou solteirona) dono de uma loja de discos e que passa o dia inteiro ouvindo músicas excelentes! E o grande mérito de Nick Hornby nesse livro é exatamente isso: construir um personagem 'comum', mas ao mesmo tempo apaixonante, que faz com que você torça descaradamente por ele durante toda a leitura.

Rob é um cara simples, que tem uma loja quase falida de discos, dois amigos loucos e um dom para não dar certo com as mulheres. Quando Laura, uma bem-sucedida advogada, troca o relacionamento deles por um com Ian, o vizinho de cima, Rob resolve fazer um apanhado de sua vida e das mulheres que teve e o marcaram. Até que o pai de Laura morre, eles se reencontram e tentam achar onde estava o erro.

Tudo isso, banhado a muito rock and roll e música pop, recheado de boas tiradas, muitos TOP 5 sobre tudo (isso realmente vicia, duvido que você não faça pelo menos um TOP 5 de sua vida durante a leitura) e aquele gostinho de 'queria uma vida assim'.

PS.: Outra conquista desse livro é ter conseguido uma versão cinematográfica quase perfeita! John Cusack é o melhor Rob Fleming que poderia existir! É fechar o livro e correr pro filme!

Ficha técnica:


Livro: Alta fidelidade
Autor: Nick Hornby
Editora: Rocco
Páginas: 264
Ano: 2000
Nota/Cotação: 4,5 de 5

Correeeeeeee


sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Resenha: Uma temporada no Inferno com os Rolling Stones (Robert Greenfield)

É sempre complicado falar sobre biografias do rock'n'roll. Porém, 'Uma temporada no inferno com os Rolling Stones' toma caminhos bem definidos, o que deixa essa tarefa um pouco mais fácil. A questão é: porque não dizer que o livro é uma ode a Keith Richards?

Explico. A história é bem contada, realista, com todas as vertentes que se espera de um livro sobre uma das maiores bandas de rock de todos os tempos: sexo, drogas e muita música. No entanto, o autor endeusa demaisssssss o guitarrista, deixando de lado o restante da banda, seu modo de pensar e o que 'aqueles outros cara' faziam na Villa Nellcôte!
Mesmo assim, o livro é bom, instigante e não cai no mal gosto de criticar ou instigar o uso das drogas. Mas, que poderia ser menos tendencioso para o lado de Keith, poderia... como não o faz, deixa eu contar um pouco sobre a história.


Robert Greenfield é jornalista e foi durante algum tempo editor da revista Rolling Stones, teve um bom acesso à banda e ficou amigos dos integrantes. No início dos anos 70, por causa de brigas judiciais (e muitas drogas) que são explicadas logo no início do livro, eles são obrigados a fazer uma espécie de exílio para produzir um novo disco, que teria que ser foda em último grau. E mesmo com todos os percalços que são mostrados no livro, eles conseguiram: dessa estadia no sul da França saiu o maravilhoso 'Exile on Main St', um disco de tirar o chapéu, com alguns dos maiores clássicos da banda, como Rocks off, Tumbling dice, Sweet Virginia, Happy e Ventilator Blues.

Ah, e só pra não esquecer, se Keith Richards espirrar, saúde!

Ficha técnica:

Livro: Uma temporada no inferno 
com os Rolling Stones

Autor: Robert Greenfield
Editora: Zahar
Páginas: 236
Ano: 2008
Nota/Cotação: 3 de 5


quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Resenha: Emma (Jane Austen)

Dizem que a linha entre o amor e o ódio é muito tênue. Com relação a Emma, tanto livro quanto personagem, essa máxima é super verdadeira. Pois, não há como não adorar a forma como a mimada menina tenta fazer com que as pessoas gostem umas das outras; assim como, não é difícil odiá-la pela forma como ela trata o Sr. Knightley.

Emma Woodhouse deseja arrumar um marido para sua protegida Harriet Smith, que apesar de 'caipira' possui sentimentos e discernimentos que Emma ainda precisará aprender. Porém, o coração de Harriet já tem dono, mesmo que Emma, no auge de sua soberba, não acredite que aquele rapaz será páreo para a menina que escolheu ser sua amiga. Até que o austero Sr. Knightley, sempre amigo e correto, começa a mostrar-lhe que para o amor não há forma, idade, jeito de falar ou dinheiro que possa impedi-lo.

A forma como Jane Austen domina o seu texto é inebriante. Pois, sua Emma, se caísse em outras mãos que não fossem tão talentosas, não teria esse gostinho de menina ou mulher que precisa crescer e deixar de ser intrometida, mas com um jeitinho apaixonante. Muitos dizem que 'Emma' é o livro mais chato de Jane Austen, já eu, acredito que ela seja uma anti-heroína adorável!

Ficha técnica:


Livro: Emma
Autor: Jane Austen
Editora: BestSeller
Páginas: 460
Ano: 1996 (original de 1815)
Nota/Cotação: 4 de 5

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Resenhas: Bento / O Vampiro Rei vol. 1 (A Bruxa Tereza) / O Vampiro Rei vol. 2 (Cantarzo)

Bento

Com a marca do autor



Neste livro, André Vianco se posiciona concretamente como o maior autor brasileiro de fantasia na atualidade. Saindo da linha de 'Os Sete', o paulista cria um novo mundo, pós-Noite Maldita, onde as pessoas são divididas em vampiros e não-vampiros, com exceção dos Bentos, pessoas até então normais que descobrem ter um dom especial para caçar os seres das trevas.

Em um texto viril e claustrofóbico, o autor conta a história do trigésimo Bento, Lucas, o homem que viria para salvar a sociedade dos dentes daqueles que tinham sido transformados. Com uma narrativa forte e rápida, Vianco também conta sobre os outros heróis Bentos e descreve várias histórias secundárias tão interessantes e gratificantes quanto a principal.

Outro detalhe importante, é que neste livro o autor usa várias cidades do país, apesar das cenas principais de desenrolarem em São Paulo, como sedes ou fortalezas onde estão os outros 29 Bentos. Assim, o leitor começa a gostar mais de um ou outro Bento, por ter vindo deste ou daquele lugar (todos com descrições ótimassss). Destaque para o Bento Teodoro, que rende cenas hilárias com seu baseadinho 'básico'.

Começamos aqui uma segunda vertente tão interessante quanto a primeira de Os Sete/Sétimo/O Turno da Noite.

O Vampiro Rei vol. 1 ou A Bruza Tereza

Um pouco mais lento, mas igualmente bom

 


Segundo livro da linha 'Bento' de André Vianco, O Vampiro Rei é um pouco mais lento nos acontecimentos do que seu antecessor, principalmente, porque Cantarzo, o vilão, está sendo carregado dentro de uma caixa durante grande parte do livro, assim, perdemos por várias páginas o humor ácido do vampiro.

Em contrapartida, Vianco encaixa outros elementos interessantíssimos nos livro, como a bruxa Tereza e os enigmas que a cercam. Pelo lado do 'bem', Lucas começa a treinar outros sobreviventes para que eles também possam lutar de igual para igual com outros vampiros, além de conseguir cada vez mais pessoas para defesa da fortaleza. Os outros Bentos também passam a ter mais importância e características próprias, que fazem o leitor se apaixonar por cada um dos 'escolhidos'.

O fim do livro, na Barreira do Inferno, no Maranhão, é recheado de momentos inusitados, diálogos geniais e muita ação, em um dos melhores momentos de toda a obra do autor. Além disso, vários fios são deixados desencapados para pegarem fogo no próximo livro!



O Vampiro Rei vol. 2 ou Cantarzo

 Um grande fim, digno de um grande início



No último livro da linha Bento, André Vianco se aprofunda na crise existencial de Bento Lucas, que não se lembrava de nada do que viveu antes de acordar pós-noite maldita. De uma forma envolvente, o leitor vai descobrindo junto com o 'escolhido' seus sérios problemas. Além disso, os bentos Vicente e Francis também mostram porque eram os grandes mestres antes de Lucas aparecer.

Nesta obra, Lucas e Cantarzo finalmente se encontram para uma batalha eletrizante na beira da praia. No entanto, este é apenas um dos diversos embates que ocorrem neste livro entre humanos e vampiros, vampiros e bentos, bentos e bruxas e outras misturas.

Com um final surpreendente, com outros seres que Vianco encaixa no livro, o Vampiro Rei 2 é um final digno para um excelente trilogia. Porém, como não poderia deixar de ser, o autor deixa alguns pontinhas abertas para que os leitores e seus fiéis seguidores continuem tendo muito o que pensar e discutir após a 502ª página.


Ficha técnica:

Livros: Bento / O Vampiro Rei 1 / O Vampiro Rei 2 
Autor: André Vianco
Editora: Novo Século
Ano: 2003 / 2005 / 2005
Nota/Cotação: 4,5 de 5