segunda-feira, 4 de julho de 2016

Resenha: Eu, prisioneira das Farc (Clara Rojas)

Esse livro pode ser descrito em apenas uma frase: No lugar errado, na hora errada. Isso porque Clara Rojas nada tinha a ver com o sequestro de Ingrid Betancourt, apenas havia o fato de ser amiga e coordenadora de campanha da candidata à presidência da Colômbia e estar dentro do carro no momento em que as Farc resolveram pegá-la. Daí, nasce um martírio de seis anos. No entanto, nesse meio tempo, Clara engravida e tem seu bem mais precioso, seu filho Emmanuel.

Clara é advogada e tem uma boa carreira, estabilizada. Alguns anos atrás, havia conhecido Ingrid Betancourt e tinham se tornado amigas. Quando ela resolveu ser candidata à presidência pelo Partido Verde Oxigênio (achei genial o nome), convidou Clara para ser sua chefe de campanha. Tudo ia relativamente bem, apesar das gigantescas tensões que o país passava por causa das ameaças e dos sequestros impetrados pelas Farc. Porém, em um das viagens, que mais ninguém quis ir, os guerrilheiros montaram seu aparato e sequestraram as duas mulheres, que se juntaram no meio da floresta a outros tantos reclusos.

Aí começa o martírio de Clara Rojas, com andanças sem fim, mosquitos e outros insetos que infestavam a mata, comida de má qualidade e, obviamente, o cerceamento da liberdade. Porém, um fato tornou-se uma surpresa negativa a mais para a advogada: o distanciamento e a falta de companheirismo de Ingrid Bettancourt, sua amiga por tantos anos e o motivo dela estar ali. Este foi um dos momentos mais complicados para Clara.

Com base em um jogo de xadrez, alguns livros, principalmente a Bíblia, e muita disciplina, Clara conseguiu passar os primeiros anos com relativa paz. Até ter-se descoberto grávida. Em meio ao terror do sequestro, surge o momento mais importante da sua vida. Mesmo tendo os companheiros quase com inimigos por causa das suas regalias devido à gravidez, Clara dá luz ao menino Emmanuel, mas quase perde a vida por causa de complicações do parto. O tempo passa e ela consegue na medida do possível criar o filho. Até que ele pega uma doença e precisa ser levado para fazer um tratamento pela Cruz Vermelha.

Passou mais de três anos até que ela pudesse vê-lo novamente, ou seja, só em liberdade. Após a partida de Emmanuel, Clara viveu para o momento de rever o menino e apenas isso fazia com que sobrevivesse ao sequestro. No início de 2008, quando foi libertada e levada para a Venezuela, Clara pôde se sentir completa, pois conseguiu ter o filho em seus braços novamente.

O livro é interessante e desperta bastante curiosidade. Porém, a falta de detalhes faz com que o leitor se sinta um pouco desprezado pela autora. Trocando em miúdos, as piores (na verdade melhores, já que são as que causam mais curiosidade) partes ela não falou, que foi como ficou grávida – foi amor, desejo ou estupro? -, as torturas que os prisioneiros sofrem… não consigo explicar ao certo, mas senti uma ponta de protecionismo em relação aos membros da Farc. Em momento algum, Clara se revolta com eles, ou os xinga, ou faz qualquer outra coisa, nem os chama de terroristas, e, inclusive, diz tê-los perdoado por conhecer a luta deles pela pátria. Mesmo ela tendo rechaçado a ideia da síndrome de Estocolmo quando saiu do cativeiro, juro que tive uma leve impressão disso ter acontecido sim. Posso estar errada. Ou não.

Para conhecer mais sobre a autora e o livro acesse http://www.euprisioneiradasfarc.com.br/


Ficha técnica:

Livro: Eu, prisioneira das Farc
Autor: Clara Rojas
Editora: Ediouro
Ano: 2009
Páginas: 208
Nota/cotação: 3 de 5


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