domingo, 3 de julho de 2016

Resenha: O outono do patriarca (Gabriel García Márquez)

Após ler os maravilhosos 'Cem anos de solidão' e 'Amor nos tempos do cólera', minha próxima escolha de livro do genial Gabriel García Márquez recaiu sobre 'O Outono do Patriarca', que apesar de brilhar em alguns momentos, não tem todos os componentes geniais dos outros dois. Não sei se é porque lembramos muito de pessoas verídicas e histórias verdadeiras, o que não acontece com o realismo mágico de Cem anos ou o amor impossível dos tempos do cólera, ou se é porque a prolixidade de Márquez está ainda mais exacerbada neste número, que contém páginas e páginas de um mesmo parágrafo e, em determinado momento, perde a 'graça' para se tornar enfadonho.

A história conta a vida de um ditador, sem nome definido, que está há incontáveis anos no poder e começa a 'confundir' suas experiências devido ao tempo infindável de vida que o está assolando em seu próprio palácio. O ditador acredita que ainda é o dono absoluto do país, mas já vive de uma farsa programada por aqueles que tomaram as rédeas do poder e revela aos seus invisíveis seguidores suas proezas do passado e tudo o que já viveu até chegar àquele momento decrépito. Dentre os impropérios do seu reinado está a venda do mar que banha o país para pagar a dívida externa (em um dos diálogos mais inimagináveis do livro), uma traição digna de Júlio César e seu 'até tu Brutus, meu filho?' e uma paixão desmedida pela jovem Letícia Nazareno, que acaba tomando o pouco que ainda restava da verdadeira vida do ditador.

Obviamente, Garcia Márquez dá todo um toque pessoal à falta de carisma do protagonista, porém, acredito que ainda não foi o suficiente para que torçamos ou para que nos encantemos com o ditador. Sei que esta não é a intenção do autor ao criar este livro, mas acho que por toda falta de simpatia pelo homem, acabei não conseguindo gostar ou me apegar à obra tão importante no cenário literário do ganhador do Nobel de 82.


Ficha técnica:

Livro: O outono do patriarca
Autor: Gabriel García Márquez
Editora: Record
Ano: 2001 (Original publicado em 1975)
Páginas: 260
Nota/Cotação: 4 de 5

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